terça-feira, 24 de agosto de 2010

Amores-imperfeitos são as flores da estação



Sim, hoje vou escrever pra caralho. Meu eu-lírico sumiu e foi pro país da razão. Não posso lembrar daquele dia. Um simples dia em que a água da minha casa acabou, o chuveiro queimou, meu primo ficou bêbado, meus amigos sumiram e ainda assim um dia perfeito. Agora entendo essa coisa de dia perfeito das músicas pop-românticas.

Guardei cada olhar, sorriso de boca fechada, cada respirada no cabelo, cada frase com ar de experiência, cada música cantada e aquele abraço no ponto de ônibus. As coisas fluiram, tipo papo de Paulo Coelho, que o universo conspira e o pior: naquele dia conspirou mesmo. Roupa nenhuma ficava bem em mim e arrisquei em ir de preto. Com certeza estava mais bonita que o costume, pois estava florida, despretensiosa. Quando estamos sem pretensões de ser feliz, acontecem as melhores coisas de nossas vidas e geralmente são os momentos mais ricos desta encarnação. Completa com um semi-conhecido, realizada. Todo show tem sua magia e a magia do jeito dele me encantou.

Às vezes acho que ele viu em mim coisas que ninguém viu. Às vezes acho que não é nada disso. Às vezes acho que o encanto da noite fez com que eu me visse de modo diferente, e ele mesmo talvez não tenha visto. Não sei.

Talvez eu seja mesmo a penúltima romântica dos litorais desse Oceano Atlântico. Mas então por que me escreveu todas aquelas coisas e disse que ia me ligar? Eu poderia aceitar isso de maneira um pouco melhor. Poderia então amar o cara que me ligou hoje 12h e 40min e que quer me ver sexta-feira. Odeio não conseguir controlar meus sentimentos, me sinto escrava deles e sei que isso não é certo.

Sei que amanhã essa história toda provavelmente encherá o meu saco e eu porei uma pedra em mais um casinho adolescente dessa minha vida pacata, mas não queria!

Fico estarrecida com a capacidade de desapego das pessoas. Me sinto uma extra-terrestre. As pessoas que cantam funk e vibram com a poesia dessas músicas são as mesmas que adoram usar "Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas". O mundo é irônico e contraditório. Estou inclusa no mundo, logo sou contraditória. Não me interesso por pessoas certas, chego a ser fria e com outras gasto tempo escrevendo. Todavia, nessa situação foi diferente. A gente sempre acha que na situação atual é diferente. Mas não é.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Por uma coisa à toa



Se acaso me quiseres sou dessas mulheres que só dizem sim... por uma coisa à toa, uma noitada boa, um cinema, um botequim. E, se tiveres renda, aceito uma prenda, qualquer coisa assim, como uma pedra falsa, um sonho de valsa ou um corte de cetim.
E eu te farei as vontades, direi meias verdades sempre à meia luz. E te farei, vaidoso, supor que é o maior e que me possuis. Mas na manhã seguinte não conta até vinte, te afasta de mim, pois já não vales nada, és página virada, descartada do meu folhetim.


(Chico Buarque)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Minha carne é de carnaval e o meu coração é igual

Não vou deixar que a razão me impeça que fazer aquilo que sinto. Vou experimentar o fruto proibido. Saboreá-lo lentamente e aos poucos a textura da polpa molhada e saber qual aroma me inspira. Tomara que não tenha odor de goiaba. Espero que os beijos sejam rubros como morangos, suaves como pêssego e doces como o mel da jabuticaba.
E nessa salada de frutas da vida eu vou levando o meu amor. Não sei pr'aonde, nem porque, só sei que vou levando e escrevendo minhas incertezas sentimentais.